Prefeitura de Ribeirão Preto é inerte no transporte, afirma OAB

Fonte: FSP (FOLHA RIBEIRÃO)

VENCESLAU BORLINA FILHO

RIBEIRÃO PRETO

A Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) tem demorado a agir contra o descumprimento, por parte do consórcio Pró-Urbano, das ações previstas no contrato de concessão do transporte coletivo público.

A constatação é de especialistas ouvidos pela Folha, que relataram que a situação só é favorável para o consórcio de ônibus, que continua faturando com a exploração do serviço público.

Além de uma ação na Justiça, a prefeitura pode adotar ações administrativas previstas no contrato, como advertência escrita, multa, suspensão da operação e do faturamento e rescisão.

Mas a administração da prefeita Dárcy Vera (PSD) informou que irá apenas notificar o consórcio para que cumpra as cláusulas do contrato. Caso contrário, serão tomadas medidas judiciais.

Entre as cláusulas já descumpridas estão a implantação de linhas de ônibus, a compra de veículos novos e a construção de um terminal de R$ 7,9 milhões na avenida Jerônimo Gonçalves, cujo prazo de entrega do projeto venceu em 29 de maio.

Edson Silva/Folhapress
Passageiros em ônibus da linha Jardim Amalia, em Ribeirão Preto (SP)
Passageiros em ônibus da linha Jardim Amalia, em Ribeirão Preto (SP)

O consórcio Pró-Urbano também suspendeu, desde maio passado, o pagamento à Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto) da taxa de gerenciamento. O valor já ultrapassa R$ 350 mil.

“O não pagamento da taxa é o que demonstra mais desrespeito do consórcio com o poder público”, disse o coordenador da comissão de licitação e administração pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Ribeirão, Rodrigo Guimarães Camargo.

Segundo ele, a prefeitura informar que vai recorrer à Justiça só justifica a inércia da administração, “que não está fazendo nada para solucionar o caso”. “Agindo assim, a prefeitura só dá chances de o consórcio apostar na inércia”, disse o especialista.

O advogado Gustavo Bugalho, especialista em concessões do escritório Brasil Salomão e Matthes, afirmou que a prefeitura tem de tomar medidas efetivas. “Não pode apenas ameaçar. Se as ações não estão a contento, precisa de uma medida efetiva.”

Procurada, a prefeitura não se manifestou. Por meio de assessoria, o consórcio informou que aguarda a decisão da Justiça sobre a ação ajuizada por eles para não cumprir o contrato.